terça-feira, 29 de maio de 2012

O agronegócio e seu projeto de dominação na agricultura - (Por: Matheus Gringo de Assunção)
















Se por curiosidade buscarmos no dicionário da língua portuguesa o significado da palavra “agronegócio” encontraremos seu sentido genérico, onde se relaciona com qualquer transação comercial com produtos agrícolas. Entretanto, nas últimas décadas essa palavra ganhou um status de conceito, e se refere a um determinado modo de organizar a produção agrícola, na maioria dos casos, esse modo de organização se reflete em grandes latifúndios, monocultura, uso intensivo de agrotóxicos, mão-de-obra assalariada, mecanização e direcionamento da produção agrícola para a exportação.

O domínio do projeto do agronegócio pode ser localizado na história com a implantação das políticas neoliberais, portanto, estamos falando de pouco mais de 20 anos, neste período brindou-se uma aliança entre os grandes latifundiários brasileiros, o capital internacional na forma dos bancos e das grandes empresas transnacionais, o Estado e a grande mídia.

Agora nos perguntamos, quais foram os impactos dessa reorganização da produção agrícola?

Para responder a essa pergunta não é necessário ir muito longe, se dermos uma volta no nosso interior veremos que o predomínio na produção agrícola está em 4 culturas principais, são elas: a soja, cana-de-açúcar para a produção de etanol, carnes (principalmente bovinos) e eucalipto para produção de celulose.

Infelizmente não é apenas isso, o projeto do agronegócio vem acompanhado de um aumento da concentração da propriedade da terra, da concentração da renda, da diminuição dos empregos na agricultura, do aprofundamento da dependência ao capital financeiro internacional, etc...

No decorrer da exposição nos vimos obrigados a fazer outra pergunta. Esse é um problema apenas do campo?

Parece-nos evidente que não, para dar um exemplo dos impactos à toda sociedade vamos citar de inicio um primeiro dado preocupante: o Brasil já se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, se dividíssemos todo o veneno usado nas lavouras brasileiras pela população, seria equivalente a 5,2 litros de veneno por pessoas/ano. Segundo pesquisas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vem crescendo o número de alimentos com resíduos de agrotóxicos, ou seja, é o veneno ingerido diariamente pela população.

Além disso, grande parte desses venenos vai parar em rios e nascentes, contaminando cursos d'água, solos e até os lençóis freáticos, que são importantes reservas de água.
Estamos falando de um modelo degradante, que vem causando a destruição da biodiversidade, intensifica os desequilíbrios climáticos, contamina os homens e mulheres do campo e da cidade, transforma tudo e todos em mercadorias.

Parece-nos claro que é necessário construir um novo projeto para agricultura, que de modo algum pode ser separado de um novo projeto para a sociedade. Neste sentido, é fundamental que organizações sociais, políticas, comunitárias, em cada cidade ou bairro dialoguem sobre esse tema, cobrando dos seus representantes políticas públicas que incentivem a produção de alimentos saudáveis, de base agroecológica, fruto do trabalho dos pequenos agricultores familiares.

Outro modo de produzir é possível e necessário! Milhares de pequenos agricultores ao redor do mundo já vêm buscando formas alternativas de produzir, entre elas está a agroecologia, que vem dando provas de que é um modo sustentável, produtivo e socialmente justo.
Por um projeto popular e soberano para o campo e a cidade!

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